Prólogo sobre a branquitude

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Tradução Samuel Narciso (Traduzido do original, Inglês para o Português)

O mundo está mudando. Alguns dizem para melhor, outros dizem para pior. Mas qual é a verdadeira mudança? Quando se olha a nossa volta tudo parece continuar a mesma porcaria!

Os arautos anunciam o novo iPhone, um bem primordial do consumismo e da destruição do planeta na luta por recursos. Já estamos prontos para viajar porque finalmente conseguimos nos vacinar, o trabalho está retornando à antiga rotina dos escritórios… A vida é boa, não? Sobrevivemos ao pior…

Este é o ponto de vista de pessoas brancas.

O que os brancos não conseguem ver, é o outro lado deste mundo, literalmente qualquer outra pessoa não-branca dirá o oposto. E quanto mais retinta for a cor de sua pele, mais dura fica sua realidade!

O Sul global – como eu odeio a distinção geográfica ou qualquer outra distinção entre os que têm e os que carecem – outra forma de os brancos se sentirem excepcionais!

De qualquer modo, no Sul global, não há vacinas para os povos negros subsaarianos na África. A América Latina é devastada pelo alfabeto grego das variantes do COVID, enquanto que o sudeste asiático mais densamente povoado gera esse alfabeto. Mas o mais importante é que aqui na Europa temos tudo calculado, quão inteligentes e civilizados somos! Deve ser a história, a cultura, a cor da nossa pele…

A Europa de hoje é uma bolha, é o melhor em tudo. Ou assim pensamos…

O restante do mundo nos observa. Enquanto pensamos nas nossas férias, eles se preocupam com a própria sobrevivência! Existem no momento duas filosofias de vida, uma trabalhando em conformidade, esquecimento e passividade, e outra lutando para sobreviver a cada dia, mantendo-se ativa para não perecerem ao relento.

Estou fazendo uma comparação um pouco estúpida. O que as férias e o frenesi pós-covid têm a ver com tudo isso? Bem, é bastante simples – é mais uma demonstração de um lento declínio do homem branco. Na verdade, dos brancos em geral.

Nós, brancos somos mimados, temos tudo preparado para nós, não precisamos pensar duas vezes nem lutar por em nada. Tornamo-nos medíocres. Inequivocamente medianos, apenas pensando que somos especiais porque mantemos algum controle tênue sobre o mundo à nossa volta. Mas as fissuras estão por todo o lado. As rachaduras são tão grandes, que o vento uiva através delas!

E enquanto estamos ocupados em ser medíocres, passamos o controle às mulheres, como a nova face da branquitude, frescas, belas, vibrantes, liberais, acordadas, LGBTQIADKH… O homem branco, medíocre, já prevendo sua derrota, agora passa a liderança para mulheres brancas, mas é só para prolongar um pouco mais seu domínio.

Um domínio secular já em rota de colapso. Pode-se sentir como nos debatemos para dar os últimos respiros. E esse declínio está presente em nossos próprios atos. Por exemplo: hoje quase trucidei uma mulher em um transporte público, aqui na Suécia, porque o seu cão mimado estava na minha cara! Sim, a piranha estava carregando um enorme cão mimado!

Me perguntei se ela tinha filhos, no entanto ali, exatamente ali, residia a mediocridade dos homens brancos; eles não fodem. Eles não conseguem mais foder. Sem filhos brancos, não há futuro para os homens brancos. Mas foram as mulheres acima mencionadas que o fizeram. Elas querem “liderar”, querem ter o monopólio da opressão que seus parceiros masculinos uma vez tiveram, elas desprezam a maternidade. Ser mãe é terrível quando se tem de governar o mundo.

Incapazes de perceber seu colapso! Os brancos estão tão alienados da realidade mundo que não percebem que sua sobrevivência depende do convívio simbiótico com outras etnias do mundo, outros povos. Os brancos continuarão a ser racistas enquanto negarem a biologia básica! Assim como ela, mulheres mais liberais, good vibes, pró LGBTDJUR são aquelas que não terão um único filho na vida.

Entretanto, a luta da mulher negra é real! Apesar de o mundo conspirar para matá-la com seu bebê ainda no ventre, a cada passo do caminho, elas lutam não só para dar a luz aos seus bebês, mas também para criá-los. Elas educam seus descendentes sobre o mundo, ouvem a natureza, são mais sensíveis às necessidades das pessoas, curam-se e mantêm-se firmes! O futuro está nos seus filhos! A próxima geração de bebês negros herdará a Terra. E é uma coisa impressionante sentir os ventos da revolução que se aproximam. Gostaria de ter esperança (fé) para viver tempo suficiente para ser testemunha desses dias!

Os negros nunca desfrutaram do poder real. Isso é um fato. Eles só tinham os seus valores, o seu modesto modo de vida. E uma paciência sem fim! Como quando o Dr. Martin Luther King disse: “Dizem-me: ‘Tenham paciência!’ Temos sido pacientes durante cem anos. Hoje em dia, quando ouço ‘ser paciente’, quase sempre significa ‘nunca’!”.

Este ‘nunca’ finalmente já está às portas, Dr. King! Martin Luther King não foi nutrido por nenhum ativismo gratiluz, que você está acostumado fazer, mas por uma lenta marcha do tempo, e pela indiscutível mediocridade dos homens brancos.

Quer saber de uma coisa, sendo eu próprio um homem branco, não tenho pena disso. Os brancos merecem um destino ainda muito pior, o preço a pagar pela forma como prejudicaram o mundo e os povos que nele habitam! E nós continuamos a fazê-lo, com a nossa insolência! Com a nossa arrogância! Com o nosso consumismo! Com a nossa ganância! Com o nosso excepcionalismo! Com a nossa superioridade! A nossa supremacia! Que nojento!

O mundo é de cores lindas e vibrantes, e neste momento, o branco é uma mancha! Temos de mudar para nos reconectar com a natureza, com as pessoas à nossa volta. Precisamos educar os nossos filhos a odiar a branquitude, e que o escuro da pele do outro não signifique incapacidade. Precisamos de abraçar as pessoas negras nas nossas vidas, nas nossas almas! Eles são a Terra que nos dá a Vida. Quando os sufocamos, nós também nos condenamos à morte!

O domínio branco está ruindo! Talvez não na nossa vida, mas mais a curto prazo, quando comparado aos séculos anteriores de domínio do homem branco. Estamos em colapso porque privamos as pessoas pretas de um futuro, as privamos do direito à vida! A supremacia dos brancos está no fim, e será erradicada do mundo. A ascensão e a liderança da mulher negra, a mais desfavorecida, está às portas. E todos devem aprender com esta mudança! A mudança que coloca o branco a ser associado apenas à palidez de sua pele, e não à sua noção de superioridade e vantagem sobre corpos pretos…

Nasceu na Sérvia e mora na Suécia, é doutor em Nanoeletrônica pela LTH e revisa os textos em inglês da CT. Vivendo na Europa, interessou-se em debater ativamente no dia a dia com a branquitude a necessidade da igualdade sócio racial.

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