7 prisioneiros

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“Idoso de 93 anos é resgatado de trabalho análogo à escravidão em MG”. Essa é a notícia. De ontem: 19 de novembro de 2021. Está n’O Globo. Diz ainda, que o “homem viveu em situação degradante e precária por mais de 26 anos”. Ele era caseiro de uma casa podre, com telhado quebrado, varanda caindo real, fiação elétrica exposta e tudo mais que você possa imaginar. Sem contrato, sem salário, sem porra nenhuma. Mano! Aos 93 anos! Isso acontece, na mesma semana em que 7 prisioneiros, filme brasileiro de Alexandre Moratto e Thayná Mantesso, se torna o segundo longa de língua não-inglesa mais assistido na Netflix em todo o mundo, atualmente. Traz como protagonistas, Rodrigo Santoro e Christian Malheiros. O filme foi um soco no meu estômago. E juro: ficou doendo por horas. Porque é fodido esfregarem na tua cara uma parada tão real e dolorida. E atenção porque vai rolar um leve spoiler.

PORQUE O QUE ACONTECE É QUE na mesma semana que um idoso de 93 anos é resgatado de um trabalho praticamente escravo, eu me deparo com comentários sobre o filme nas redes da Netflix que dizem: “Bom, mas não gostei do final, esperava mais” OU “Um dos piores filmes que já vi” OU “Final sem graça” OU “Atuações boas, mas o final não é bom. Caiu de uma nota 4 para 2”. COMÉQUIÉ SEUS CRÍTICO DE FILME DA MARVEL?!

Ô, gente! Ô, GENTE! ME AJUDA! Como que os caras vão dar um final feliz pro filme que é um retrato da realidade (nem só do Brasil, aliás)?! COMO? ME DIZ! Porque, parece que esse ciclo do trabalho análogo à escravidão não acabou quando todo mundo assistiu o filme. Não acho que o cara que alicia meninos e meninas, homens e mulheres, imigrantes, não me parece que esse cara assistiu o filme, se sentiu arrependido e não vai mais fazer isso porque VOCÊ não gostou do final! Porra, Brasil! Se no final, o garoto é corrompido e vira um deles, é porque essa roda continua girando. E não vai nem parar pra pensar em deixar de girar enquanto você achar que tudo é conto de fadas, filme de super herói que vem um cara daora lá no final e salva todo mundo e daê: woooow, acabou o trabalho escravo no mundo.

Sabe… “sejem menas”.

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